terça-feira, 7 de maio de 2013

Nesta correria interior que afaga o ombro, é tudo tão subjetivo. Hoje eu me dei conta do quanto é bonito a dualidade entre a subversão do que a gente foi e a diversão do que a gente pode ser. Bem leve e de leve, eu quero mais é sair por aí. Eu estou cheia de coisas boas, quero catar guarda-sóis flutuantes entre as areias, encontrar o meu eu desconhecido mais íntimo, repousar os pés sobre a cadeira de um lugar público, quero gritar que estou com sono e bocejar alto sem me importar com o quarteirão, conversar a tarde toda com uma senhora que nunca vi, esperar pacientemente na fila enquanto seguro o meu filho no colo, jogar para cima todos os papéis, entrar no supermercado e roubar um sorriso do atendente.

Hoje eu quero construir casas e derrubar os muros, me perder como chaveiro na bolsa pequena, me encontrar em um caderno escolar, ser a concretização de um projeto e o começo do que estar por vir, me tornar a essência de um perfume vagabundo e os óculos folgados em um rosto de 60 anos. Quer saber? Hoje eu sou eu e todas as pessoas e coisas. Por que não?




quinta-feira, 30 de junho de 2011

DIA-A-DIA DE UM MOTORISTA NATALENSE

06h da manhã. Você acorda 1h antes porque mora meio longe do centro da cidade, sabe como é, coisa chata é morar perto de onde se trabalha [aluguel por lá é mais barato, óbvio]. Liga seu carro [usado, divido em 20x sem juros e sem entrada] e antes de sair da garagem olha para ambos os lados [vai que vem algum moleque por aí, essa onda de assalto]  à procura de conferir a neblina matinal  e a doce paisagem da sua amada cidade [sacolas de plástico pelas ruas por causa da chuva de ontem].
12h você vai almoçar e logo no primeiro semáforo você se dá conta do quão solidárias as pessoas podem ser. Alguns se oferecem para limpar o vidro do seu carro [emprego informal sem direitos empregatícios assegurados], outros te entregam panfletos com lindas mensagens [supermercados, novos condomínios e como ter de volta o seu amor em dez dias] e os últimos te oferecem brindes [brindes comprados que você pode adquirir pela bagatela de 10 reais]. Apesar de não pode aceitar a oferta deles, você sorri e agradece [pois alguns não gostam de ser contrariados].
12h15m você pára em outro sinal [ofuscado pelos raios solares e sem abas de proteção solar] e resolve abrir os vidros para sentir a brisa lá fora [tanque na reserva, economizar gasolina que o cartel de R$2,65 da gasolina não tá dando]. Quando, de repente, um camarada [nada amigável] passa ao seu lado e você resolve subir os vidros novamente e ligar o ventilador do carro já que você não estava com calor mesmo. Próximo retorno à esquerda [ah, não! Estou na Antônio Basílio e fecharam os retornos recentemente], andarei mais um pouco [uns 5km] mas entendo que é pro bem do tráfego e tenho certeza: os retornos agora implantados foram duramente estudados [aham!]. 
12h30m você sai da BR no sentido Av. da Integração e se surpreende com uma linda lagoa surgida de repente na estrada como um oásis [representante ferrenho de um dos 108 pontos de alagamento da nossa cidade], você resolve [já que não tem outra opção] entrar numa rua de barro para fazer rally já que sempre foi seu sonho [e não haveria hora melhor para isso do que quando estivesse voltando do trabalho para almoçar em sua casa]. 
12h35m voltando da rua de barro [você bate em um paralelepípedo jogado no meio da rua], em direção a sua casa, você se surpreende novamente com um lindo barulho [você acaba de perder um pneu porque caiu em um mimi´s buraco, e não mini buraco]. Você desce do carro e sorri pois foi somente um pneu que curiosamente se rasgou, e, fica feliz ao perceber o quão generosas as pessoas podem, olha só, estão todos sorrindo de volta [e pensando em que escala de 0 a 10 somos idiotas ao ponto de ainda pagarmos IPVA].
12h40m às 13h você se encontra fazendo musculação [com farda do trabalho, trocando o pneu do carro]. 13h você decide não almoçar [já que não tem outra opção] e voltar para o trabalho no seu carro [usado que divide as ruas com pedestres e ciclistas, já que não existem calçadas apropriadas ou ciclovias] agora com um novo pneu. 14h20m você chega no trabalho [atrasado porque o expediente começa às 14h] e é chamado pelo seu chefe na sala particular [para levar uma bronca daquelas]. 
No final do dia, embora esse tenha sido um pouco [completamente] hard. Você está feliz [sujo, cansado e fedido] porque, apesar de tudo, você é pai, homem e tem Deus no coração. E tem também um filho engajado [que entende a situação de todos nós e se revolta], inteligente [que utiliza dos seus meios, atualmente virtuais], solidário, [que utiliza seu tempo para pensar no conjunto], e, reconhecido [por horas como apenas um fake da internet]. 
Mas tá tudo muito bem por aqui, viu? Afinal, seis favelas já foram erradicadas, 98% dos usuários das UPAS estão satisfeitos com o serviço da saúde, e, quanto ao Zoológico de Natal?  Ah, esse anda de vento em popa [a principal atração por lá é um animal peçonhento conhecido como borboleta].

quinta-feira, 23 de junho de 2011

JORNALISMO IMPRESSO CONTRA JORNALISMO ONLINE

Esqueça o título desse artigo, caro leitor, pode jogá-lo fora. Ao final desse artigo você entenderá o porquê.
Primeiro, o surgimento de uma nova mídia não necessariamente exclui outros meios de comunicação e, na maioria das vezes, o que ocorre é totalmente o contrário. Por exemplo, após a criação da TV muitos conspiraram sobre o fim do rádio, porém, esse reinventou-se midiaticamente de uma forma inteligentíssima: foram criados diversos programas voltados para atrair o público jovem, promoções diversas, vinhetas  particularmente interessantes e rádios online. E, ao final, muitos ainda conservam o costume de entrar em seus carros e ligar o nosso velho e conhecido rádio.
Segundo, atualmente tanto o jornal impresso quanto o jornal online exercem um papel de extrema importância na nossa sociedade. Até aí tudo bem, o problema é quando pensamos nessas funções como algo divergente. E não é? Não é! Em termos matemáticos, o impresso e o online funcionam, hoje, como intersecção de um conjunto: abrangem áreas amplas e diferentes, mas que possuem diversos pontos em comum.

Terceiro, o contexto impresso/online perpassa por termos comunicacionais como “furo de reportagem”, era digital, blogs, redes sociais, portais, mudança de hábitos de leitura, e, por termos mercadológicos como acirramento da concorrência e indústria tecnológica. Para se fazer uma intersecção benéfica e eficaz, a idéia é produzir matérias cada vez mais aprofundadas e literárias, pelo primeiro, e, praticidade e rapidez das notícias pelo segundo.

Nesse contexto, os jornais impressos que já entenderam o recado estão se mantendo no mercado. Por exemplo, muitos impressos têm um endereço virtual e uma equipe de repórteres online. Após um fato marcante, um repórter notifica pela internet, e quase simultaneamente, as informações brevemente obtidas. Se o fato for de importante relevância social, poderá entrar, no dia seguinte ou nas próximas horas, no jornal impresso juntamente com informações atualizadas e checadas pelo repórter. Uma matéria no papel pode ser a reunião de três matérias da internet. Ponto para o jornalismo impresso em termos de aprofundamento e opinião e ponto para internet em termos de rapidez.

Entende, leitor, o porquê da exclusão do nosso título? Não devemos incitar a discussão da importância de um ou de outro, devemos, sim, abordar a união dos dois e todos os benefícios que podem ser obtidos de tal intersecção.