sábado, 21 de agosto de 2010

Você é uma pessoa Madura. Isso deveria soar bonito, deveria soar como algo a se orgulhar, deveria soar como um elogio se não fosse a idéia de Maturidade cá dentro de mim. Parece que todos os caminhos darão em um único ponto e que esse ponto resumiria e resume todo o resto e nos transformaria e transforma em tudo o que somos e em tudo o que contribui para que não deixemos de ser. Esse é o ponto: ser uma pessoa Madura atingiu o sinônimo de ser um alguém descrente, alguém que jogou pela janela todos aqueles sonhos, que por serem sonhos são utópicos, que por serem utópicos são improváveis, que por serem improváveis são impossíveis e eu não gostaria, em hipótese alguma, de transmitir essa idéia pesada a alguém; de ser um alguém sem sonhos, de ser um alguém que vive com os pés no chão e não admite vôo algum, um alguém que já “passou da fase” de pensar que o mundo poderia mudar e de que haveria muito o que se fazer. Eu não me sinto bem em ter transmitido essa idéia pesada, triste, desmotivada, sem sentido nem propósito e o pior: sem esperança. Não me conformo, essa é a questão! Ou me conformo parcialmente ao pensar que interpretações são parciais também e que algo como em que algum momento um comentário de vanguarda possa soar como discurso Maduro, ou talvez até mesmo me conforte o fato de Maturidade confundir-se com inteligência inúmeras vezes.

Tenho medo de me tornar um alguém maduro, bem resolvido e bem condicionado financeiramente, tenho medo de perder meus sonhos, tenho medo de deixar de acreditar que o nosso mundo possa ser um lugar melhor para todos nós, tenho medo de perder a minha expressão e me sintonizar ao que dizem que eu deveria ser, tenho medo de acordar e perceber que não sou mais eu como indivíduo e sim indivíduo como massa- programado a fazer tudo sempre tão igual normal ao senso-comum, tenho medo de me dar conta que as roupas que visto não são minhas, que as idéias que defendo não são minhas, que o toque que eu tenho não é meu, que o meu jeito não é mais, que a minha essência se perdeu e que tudo isso foi embora quando decidi jogar janela a fora todos os meus sonhos juntos com a minha imaturidade e que sim, que agora sou uma pessoa Madura, sou enfim uma pessoa grandiosa. GRANDE GRANDIOSA DE MERDA, EU SEREI ao jogar tudo o que eu fui, tudo o que eu sou janela a fora, lançar todos os meus ideais, todo o meu mundo pelo ralo, lançar tudo feito merda naquele dia em que decidi Crescer e ser alguém para a sociedade.

Por tudo isso tenho tanto medo de crescer, tanto medo de me ver como um alguém Maduro, mas que por fim não sou eu. Prefiro por isso ser chamada de Imatura, Irresponsável, Infantil, Desnorteada, Louca. Me sinto melhor dessa forma, porque penso que ainda resta um pouco de mim em mim, ainda resta um pouco do que eu penso quando penso, ainda resta as roupas que eu visto quando me visto e saio de casa, e, que aquela frase jogada assim ao vento "como aqueles sonhos que nós tivemos um dia" não será apenas uma frase bonita que servirá para um outro alguém porque dentro de mim meus sonhos permanecem, dentro de mim meu sonho sobrevive e sobreviverá.
Utópico?

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