segunda-feira, 22 de março de 2010

O MUNDO É, PASMEM, UM LIQUIDIFICADOR!

Dizem que seria melhor poder prever as coisas. Ah! Saber o que há de vir perde a graça do alcançar, ou mesmo do sentir, ou mesmo do sofrer. É, até o sofrimento tem certa razão de ser. Que significaria os acertos se não existissem os erros? Que mérito teria aquele beijo roubado se você já o soubesse de certo consentido? Que graça teria a chegada se não existisse a possibilidade da não-chegada? A gente se acostuma a separar, organizar e classificar todos os objetos para o nosso bom entendimento, tem quem divida as roupas por cores, tem quem escreva tudo em ordem alfabética ou algébrica, e não ajuda? Ajuda! Mas na prática, a teoria é outra, a gente nunca considera que exista um vermelho alaranjado ou um laranja avermelhado ou que as pessoas enxergam diferentes tonalidades de cores ou que existam outras línguas representadas por outros signos. É, pode ser que outras pessoas não compreendam as suas classificações e encontrem-se perdidas no seu quarto, é uma questão de ponto de vista. As coisas se misturam e nada é tão certo ou tão seguro que não possa ser questionável, a ciência é questionável, as pessoas são questionáveis, a física, a química, a matemática e até o amor, até ele é questionável. Se tudo o é incerto que segurança terá os nossos planos? Não que não seja comum ou que julgue errado fazê-los, continuemos com eles, mas até aquele comum e esse errado são coisas a serem repensadas, o que é certo para você pode não o ser para mim.
E tantos se desesperam ao sentir que esse é o nosso mundo, um imenso liquidificador. Tem gente que não gosta de misturas, tem gente que prefere acordar e já estar ciente do que pensará antes de dormir como quando minha mãe disse certa vez que "isso é a vida!" e não, para mim isso é "a sua vida". Por outra vez, alguém bem mais velho que eu e que também merece o meu respeito afirmou que é infantilidade ou ingenuidade odiar a rotina e isso me fez refletir. Pode ser que a maioria de nós gostemos da idéia de ter um lugar para voltar ao fim do dia, uma casa, uma cama, uma comida que nos é familiar é algo, sem dúvida, tranquilizador. Mas qual é o limite dessa tranquilidade? Até onde ela não se mistura com o comodismo? Surpresas existem! Elas podem ser boas ou ruins. Rotina existe! Triste é quando ela se torna a segurança de um cético e dos piores, aquele que já não acredita mais no sorriso da criança. E quanto aquele outro alguém que me disse infantil o ódio à rotina, hoje eu descobri: ele pode ser um bom profissional e até tornar-se ótimo, mas magnífico ou extraordinário ele nunca o será. O por quê? Bem, a rotina dele já se misturou com o comodismo há tempos.


Nenhum comentário: