segunda-feira, 19 de abril de 2010

PELAS RUAS



Primeira à direita, dois quarteirões à frente e eu percebi de longe, até pela estrutura da rua. Não era larga como a avenida principal, nem tão menos asfaltada como aquela pista de quatro mãos indo e quatro voltando que eu, acho, só vi em fotos ou filmes. Já pensou? São oito ao todo! A gente pára e pensa, é muita coisa né? Quanto carro né? E se cada automóvel tiver quatro pessoas, é muita vida né? Aí você multiplica o número de carros que passam por lá em uma hora pelo número 24 (do dia) e depois por quatro (de pessoas) você vai fazendo as contas, que eu não vou fazer porque não sou lá muito boa com números, mas não esqueça de diminuir o que a matemática não considera, porque existem os horários de picos, existem as madrugadas vazias, existem os pais separados e existem os acidentes. Acidentes! Esse é o problema, a nossa velha matemática insiste em deixá-los de lado mas esse são outros quinhentos porque uma coisa é pensar em carros e outra coisa é pensar em pessoas e se a gente pensasse sempre assim, não fazia o que a gente faz, né? Mas deixa isso pra lá também porque eu ia, andava, caminhava, corria apressada para um lugar qualquer que eu já estive ou não, e isso também não tem muita importância como também não tem tanta validade o fato de eu estar escrevendo isso aqui, indo, caminhando, correndo apressada. O fato mais importante que eu vim lhes dizer é que eu vi, sim, eu vi desde o começo, desde que entrei naquela rua (até pela estrutura dela, ela não era larga como aquelas avenidas de quatro mãos indo e quatro voltando), eu percebi: porra, ela não tinha saída! Não tinha, simplesmente era obstáculo, pedra no caminho, sentido de volta somente, caminho sem ida e o que eu fiz? Eu fui até o final só pra ver o que ia acontecer, eu fui até o fim!
E me viram, uns dois ou quatro rapazes e agora eu me pego a pensar o que pensariam eles quando me viram indo sabendo que aquela rua não tinha fim, sim porque eu percebi e percebi também que eles perceberam porque uma coisa são as ruas e outra coisa são as pessoas e se a gente pensasse sempre assim né? Bem, mas isso são outros quinhentos, eu só vim até aqui lhes dizer que eu vi que ela não tinha saída, que ela era obstáculo, pedra no caminho e mesmo assim eu fui, eu fui até o fim!

Um comentário:

Mary Miranda disse...

Perfeito. A cada texto vc surpreende mais. Mais uma vez: Orgulho sim de vc. ;]