No decorrer dessa semana o adjetivo mais falado, discutido e profanado foi a palavra "real". Vasculhando o dicionário, o termo, que além de provir do latim medieval realis e blá blá blá, corresponde a realidade, refere-se a algo que existe de fato e opõe-se a outros adjetivos como imaginário, utópico e irreal.
Por esses dias, inúmeras (ainda sonhadoras) meninas (re)vivenciaram a ilusão de ser atingida por uma agulha, deitar em sono profundo por cem anos e, ao final, salvar-se com um beijo. O estopim da salvação seria emanado por um príncipe lindo, loiro, de olhos azuis, boca rosada e dentes brancos, oriundo de um reino distante. Parece fantástico revisitar os nossos contos de fada, mas paradoxal é a única palavra que nos ocorre ao fazermos uma retrospectiva dos últimos dias, esses mesmos em que utilizamos e reutilizamos inconscientemente o adjetivo "real" embriagados por um âmbito completamente irreal.
Diversos veículos de comunicação, consolidados ou não, maduros ou não, pareceram esquecer por um curto espaço de tempo o "real" significado da nossa tão sacrificada profissão jornalística: a utilidade pública. Por isso, tal qual não foi a nossa surpresa, e igualmente a nossa decepção, ao nos depararmos com matérias como 1) " Quer casar com o príncipe? Ainda dá tempo " e logo após uma lista completa dos príncipes ainda vivos, 2) " Todos ansiosos pelo beijo "real" " e 3) "Fã britânico tatua no dente imagem do casal real" ". Isso para não enumerar as notícias que não devem ser repetidas.
A questão é que notas, artigos, notícias e reportagens completamente dispensáveis e sem nenhuma contribuição para as nossas vidas "reais" foram veiculadas à torto e à direito. Se você, querido leitor, quiser realmente saber: real para o nosso veículo é a realidade propriamente dita. Real para nós é a Dona Neide, empregada doméstica que acorda toda manhã às quatro horas e orgulha-se de chegar cedo no trabalho, real é o Seu Jaime que tem seis filhos para criar e faz "reais" malabarismos para mantê-los alimentados enquanto vão para a escola (quando esta não está de greve), real é o Seu João que talvez tenha câncer de próstata mas atende com um sorriso aberto de dentes faltosos todos os clientes que entram na sua padaria.
Por esses dias, inúmeras (ainda sonhadoras) meninas (re)vivenciaram a ilusão de ser atingida por uma agulha, deitar em sono profundo por cem anos e, ao final, salvar-se com um beijo. O estopim da salvação seria emanado por um príncipe lindo, loiro, de olhos azuis, boca rosada e dentes brancos, oriundo de um reino distante. Parece fantástico revisitar os nossos contos de fada, mas paradoxal é a única palavra que nos ocorre ao fazermos uma retrospectiva dos últimos dias, esses mesmos em que utilizamos e reutilizamos inconscientemente o adjetivo "real" embriagados por um âmbito completamente irreal.
Diversos veículos de comunicação, consolidados ou não, maduros ou não, pareceram esquecer por um curto espaço de tempo o "real" significado da nossa tão sacrificada profissão jornalística: a utilidade pública. Por isso, tal qual não foi a nossa surpresa, e igualmente a nossa decepção, ao nos depararmos com matérias como 1) " Quer casar com o príncipe? Ainda dá tempo " e logo após uma lista completa dos príncipes ainda vivos, 2) " Todos ansiosos pelo beijo "real" " e 3) "Fã britânico tatua no dente imagem do casal real" ". Isso para não enumerar as notícias que não devem ser repetidas.
A questão é que notas, artigos, notícias e reportagens completamente dispensáveis e sem nenhuma contribuição para as nossas vidas "reais" foram veiculadas à torto e à direito. Se você, querido leitor, quiser realmente saber: real para o nosso veículo é a realidade propriamente dita. Real para nós é a Dona Neide, empregada doméstica que acorda toda manhã às quatro horas e orgulha-se de chegar cedo no trabalho, real é o Seu Jaime que tem seis filhos para criar e faz "reais" malabarismos para mantê-los alimentados enquanto vão para a escola (quando esta não está de greve), real é o Seu João que talvez tenha câncer de próstata mas atende com um sorriso aberto de dentes faltosos todos os clientes que entram na sua padaria.
Me perdoe, Kate e William, mas "reais", mesmo, somos nós!
*Editorial para matéria de Oficina de Texto III - Docente Emanuel Barreto.
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