sexta-feira, 10 de junho de 2011

IMPARCIALIDADE PARCIAL


Já sabemos que a imparcialidade textual em um sentido restrito de produção de notícias e reportagens é algo utópico. Enfim, qualquer texto produzido por qualquer jornalista considerará implicitamente opiniões, vivências, experiências e colocações próprias por mais esforço que o profissional faça para desvincular-se disso. Por mais partes e opiniões que sejam ouvidas, a escolha dessas próprias já foram uma decisão pessoal.

Ampliando o um pouco a nossa visão, mas sem desvincular-se do que foi dito até agora, existem duas diretrizes que regem as nossas ações ao encontro do bem-estar comum; a ética e a legislação. A primeira diz respeito a um conjunto de atitudes esperadas de um indivíduo dentro de um contexto cultural e social, a segunda refere-se a um conjunto de atitudes exigidas para esse. A punição para quem é antiético é algo muito mais oratório do que legal do ponto de vista da legislação, embora em muitos casos a falta de ética esteja inserida nas inúmeras portarias, artigos, incisos e revisões da Constituição.

Como a discussão é ampla eu vou deter-me somente ao jornal impresso. Assim, pessoalmente falando, eu sou totalmente a favor do jornalismo opinativo desde que esse perpasse pela pela ética e pela legislação. O problema não é ter opinião, é ludibriar a população ao vender a utopia da imparcialidade. O dever de um jornalista, eticamente falando, é deixar clara a sua ideologia e princípios e não mascarar uma inverdade para  vender mais exemplares.

Há quem diga que a imparcialidade pode ser atingida através da pluralidade de artigos de opinião expostos em um mesmo veículo de comunicação e, novamente, a gente entra em uma ampla questão polêmica. Nós sabemos que acima de cada artigo de opinião, reportagem ou notícia existe um poderoso filtro chamado linha editorial e com certeza, nesse processo, não serão publicadas matérias que vão de encontro à ideologia implícita ou caráter partidário do jornal impresso em questão. Ideologia implícita porque, no Brasil, apesar da pluralidade de artigos ainda existe a prisão editorial não publicada. Permitam-me a metáfora para ilustrar o nosso texto: jornalistas são como touros livres em um pasto, podemos ir para qualquer lugar, dentro daquelas quatro cercas.

Nada impede que a revista Veja dê a sua visão conservadora a respeito dos fatos enquanto a Carta Capital abranja uma opinião liberal. E, se por um lado não é justo que o Estado interfira ou censure veículos de comunicação, por outro não é ético que veículos se ditem imparciais ou pluralistas enquanto emitem opiniões em um único sentido. 

Ao final, enquanto a ética ainda não é a prioridade na maioria dos jornais impressos, o melhor filtro para veículos mascarados ainda são vocês, leitores!


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